Águia Férrea

A primeira vez em que assisti A Viagem de Chihiro eu tinha 11 anos de idade. Era madrugada, e quando terminei fiz de tudo para não acordar meu irmão no quarto ao lado. Hoje eu assisti novamente, na madrugada... E tudo aconteceu exatamente como há cinco anos. Fiz de tudo para não acordar meu irmão, então foi aí que percebi, não importa quanto o tempo passe, as coisas ainda conterão sua pequena magia.

Não fui eu quem mudei este ano, foi o ano que mudou em mim. Parece que já não sou a mesma de antes, uma casca se abriu para a nova pessoa dentro da minha mente. Tenho planos diferentes para meu novo eu, é como se houvessem me lavado por dentro, tirado tudo o que não me agradava. Gostaria de saber o que está havendo dentro do meu confuso coração.

Nunca pensei que fosse dizer, nunca pensei que fosse sentir. Mas eu estou sentindo antecipadamente a falta que você vai me fazer.  Também nunca disse o quanto você me animava quando eu chegava com um olhar sem rumo, e eu bem poderia sorrir por dentro, mas pelo meu semblante você nunca imaginaria que eu realmente estava feliz. Ninguém irá conseguir preencher o vazio que deixarás. Acho que outra pessoa jamais levantará o meu astral como você conseguiu fazer por um curto ano. Peço que não se afaste nunca de mim, mesmo eu sendo tão boba e mal humorada às vezes.

Mesmo que às vezes nós queiramos isto... (Fushigi Yuugi: Segunda série de OVA's)

E do que adianta ler romance Se estou em outra dimensão? Chamando de meu um pedaço de papel E amassando esboços escritos em vão.

Não sou  do tipo de pessoa que pensa no futuro, mas nestes últimos dias de férias tenho pensado. Em como vou ser, e em como meu eu-interior irá crescer. Não tenho raiva de mim mesma por isto, tenho a impressão de que todas as peças do quebra-cabeça que montei no ano passado estão mudando as suas formas. Ouço um profundo caminho chamando meu nome, o futuro quer ver meus olhos de perto. Até ontem eu desejava só viver o presente, hoje quero saber como será o presente do amanhã. 

Estive pensando durante essa tarde de Domingo. Há coisas que se vão e que a gente não gostaria que terminasse, mas quando nos damos conta aquilo não nos faz tanta falta quanto achamos que faria. A vida é como se fosse uma história em quadrinhos que nós escrevemos, criamos personagens e nos afeiçoamos a eles, mas com com o decorrer de tudo não nos sentimos culpados de cortar velhos personagens e começar novamente.